domingo, dezembro 31, 2006

Ano Novo, Idade Nova, Vida Nova!!!!

Para mim o calendário vira quando fechamos mais um ano de existência, coincidentemente, o meu começa no dia 01 de janeiro, e sempre achei uma época propicia para realizar o balanço do período que passou.

2006 foi um ano que começou com mudanças radicais na minha vida, que acabaram por se mostrar positivas ao longo do ano, que pode se dizer, literalmente, foi digno de tsunamis.

Aprendi muito com todas as marés difíceis que enfrentei, encarando meus medos reais e imaginários, e saindo fortalecida de todos esses episódios, aos quais sou muito grata.

Muitas pessoas surgiram, continuaram, sumiram, permaneceram. Dentre todas, as especiais ganharam um lugar eterno na minha vida. Nesse grupo, gostaria de destacar alguns:

Minha Família – Gló, Geraldo, Maria Leopoldina, Deco e Eliane – sempre presentes em todos os momentos. Foi meu apoio nas decisões mais dolorosas que tomei, sempre me levantando e encorajando.

Daniela – ou meu bebê – a filha que ganhei crescida e linda, maravilhosa, que iluminou e alegrou meus dias. Além de filha, foi amiga, companheira, riu comigo e enxugou minhas lagrimas nos momentos que mais precisei. AMO VCCCCC!!!!!!

Meus alunos queridos – o brilho inquietante que vcs carregam no olhar e todas as manifestações de carinho e amizade me certificam que escolhi o caminho certo, e que estou trilhando-o da melhor maneira, pelo menos parece que tenho acertado mais do que errado, assim espero. A relação de troca que existe sempre traz muito aprendizado para ambos, e tenham certeza que isto ocorre comigo. Todos vcs tem um lugar mais do que especial no meu coração, mas gostaria de destacar um em especial, que me mostrou que sempre vale a pena ouvir, amar, perdoar, dar uma segunda ou terceira chance, enfim, reavaliar e reconhecer que sempre se pode recomeçar. Marcela, sou muito grata a tudo que vc me mostrou esse ano.

Meus colegas de trabalho – a solidariedade e o companheirismo, a confiança, a amizade, ao eterno aprendizado. Adoro todos vcs.

Meus amigos de muitas horas: Adriano – Mini, Ângela, Tadeu, Tinti, Lia, Jonatas, Enio, Desireé, Igor, Célio e Vera. Obrigada por existirem e compartilharem suas alegrias comigo. Adoro todos vcs. Se por um acaso eu esqueci algum nome importante, desculpa...........foi a emoção do momento.

Espero que 2007 traga muitas novidades boas, carregado de paz, luz e harmonia a todos os corações e que nos ensine a arte de viver sorrindo, mesmo que as nuvens insistam em cobrir temporariamente nosso espaço.

terça-feira, dezembro 26, 2006

Convite


Não sou a areia
onde se desenha um par de asas
ou grades diante de uma janela.
Não sou apenas a pedra que rola
nas marés do mundo,
em cada praia renascendo outra.
Sou a orelha encostada na concha
da vida, sou construção e desmoronamento,
servo e senhor, e sou
mistério.

A quatro mãos escrevemos este roteiro
para o palco de meu tempo:
o meu destino e eu.
Nem sempre estamos afinados,
nem sempre nos levamos
a sério.

Lya Luft, "Perdas & Ganhos", Editora Record - Rio de Janeiro, 2003, pág. 12.

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Equalize



Equalize
(Pitty/Peu Souza)
Às vezes se eu me distraio
Se eu não me vigio um instante
Me transporto pra perto de você
Já ví que não posso ficar tão solta
que vem logo aquele cheiro
Que passa de você pra mim
Num fluxo perfeito
Enquanto você conversa e me beija
Ao mesmo tempo eu vejo
As suas cores no seu olho tão de perto
e me balanço devagar
Como quando você me embala
O ritmo rola fácil
Parece que foi ensaiado
E eu acho que eu gosto mesmo de você!!!
Bem do jeito que você é!!
Eu vou equalizar você
Numa frequência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim
Adoro essa sua cara de sono
E o timbre da sua voz
Que fica me dizendo coisas tão malucas
E que quase me mata de rir
Quando tenta me convencer
Que eu só fiquei aqui
Porque nós dois somos iguais
Até parece que você já tinha
O meu manual de instruções
Porque você decifra os meus sonhos
Porque você sabe o que eu gosto
E porque quando você me abraça
O mundo gira devagar
E o tempo é só meu
Ninguém registra a cena de repente
Vira um filme todo em câmera lenta
E eu acho que eu gosto mesmo de você
Bem do jeito que você é
Eu vou equalizar você
Numa frequência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim
Eu vou equalizar você
Numa frequência que só a gente sabe
Eu te transformei nessa canção
Pra poder te gravar em mim

terça-feira, dezembro 05, 2006

FOFOLETE



FOFOLETE

VOCÊ PRECISA ME AMAR!!!!!!!

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Gatos


"Uma das mais incompreendidas características da vida egípcia é a veneração dos gatos, cujos corpos mumificados têm sido encontrados aos milhares. Minha teoria é que o gato foi o modelo da singular síntese de princípios do Egito. O gato moderno, o último animal domesticado pelo homem, descende do "felis lybica", um gato selvagem do norte da África. Os gatos são errantes e misteriosas criaturas da noite. Crueldade e brincadeira são a mesma coisa para eles. Vivem do e para o medo, treinando assustar-se e assutar os humanos com súbitas correrias e emboscadas. Os gatos habitam o oculto, i.é., o "escondido". Na Idade Média, eram caçados e mortos por suas ligações com as bruxas. Injusto? Mas o gato realmente está ligado à natureza ctônica, mortal inimiga do cristianismo. O gato preto do Dia das Bruxas é a sombra que ficou da noite arcaica. Dormindo até vinte de cada 24 horas, os gatos reconstroem e habitam o primitivo mundo noturno. O gato é telepata - ou pelo menos acha que é. Muitas pessoas se amedrontam com seu olhar frio. Comparados com os cães, servilmente ávidos por agradar. Os gatos são autocratas de evidente interesse próprio. São, ao mesmo tempo, amorais e imorais, violando regras conscientemente. Seu "mau" olhar nessas horas não é nenhuma projeção humana: o gato talvez seja o único animal que saboreia o perverso - ou reflete a respeito. Assim, o gato é um adepto dos mistérios ctonicos. Mas tem uma dualidade hierática. Tem "olhar intensivo". O gato funde o olho de Gohrgona do apetite com o distanciado olho apolíneo da contemplação. Valoriza a invisibilidade, comicamente, imaginando-se indetectável, quando atravessa um gramado com passo malandro. Mas também adora ver e ser visto: é um espectador do drama da vida, divertido, condescendente. É um narcisista, sempre ajeitando a própria aparência. Quando está assanhado, seu ânimo cái. Os gatos têm um senso de "composição pictórica": colocam-se simetricamente em cadeiras, tapetes e até mesmo numa folha de papel no chão. Aderem a uma métrica apolínea de espaço matemático. Altivos, solitários, precisos, são árbitros de elegância - esse princípio que considero nativamente egípcio. Os gatos são "poseurs". Têm um senso de "persona" - e ficam visivelmente vexados quando a realidade perfura sua dignidade. Os macacos são mais humanos, mas menos bonitos. Agachando-se, tagarelando, batendo no peito, mostrando o traseiro, os macacos são convencidos vulgares que assomam na estrada evolucionária. As sofisticadas personas dos gatos são sinais de avançada teatralidade. Sacerdote e deus de seu próprio culto, o gato segue um código de pureza ritual, limpando-se religiosamente. Faz sacrifícios pagãos a si mesmo e pode partilhar suas cerimônias com os eleitos. O dia do dono de um gato muitas vezes começa com um belo monte de entranhas ou pernas trituradas de camundongo na varanda - lembretes darwinianos. O gato é o habitante menos cristão do lar médio. No Egito, o gato; na Grécia, o cavalo. Os gregos não ligavam para os gatos. Admiravam o cavalo e usavam-no constantemente na arte e na metáfora. O cavalo é um atleta, altivo mas serviçal. Aceita cidadania num sistema público. O gato é a lei em si. Jamais perde seu ar despótico de luxo e indolência orientais. Era feminino demais para os gregos, amantes do masculino. Falei da invenção egípcia da feminilidade, uma estética de prática social distanciada da brutal maquinaria feminina da natureza. As roupas da egípcia aristocrática - uma perfeita túnica de linha transparente pregueado - eram macias, lisas, fluidas. Macia é a sorrateirice noturna dos gatos. Os egípcios admiravam o aspecto liso, nédio, nos mastins, chacais e gaviões. O nédio é o liso contorno apolíneo. Mas a maciez é a arte sinuosa das trevas diaconisas, que o gato traz para o dia. Os gatos têm pensamentos secretos, uma consciência dividida. Nenhum outro animal é capaz de "ambivalência", essas ambíguas correntes contraditórias de sentimentos, como quando um gato ronronante enterra ao mesmo tempo os dentes, como advertência, no braço de alguém. O drama interior de um gato ocioso é telegrafado pelas orelhas, que giram para um farfalhar distante enquanto ele repousa os olhos com falsa adoração nos nossos, e depois pela cauda, que bate ameaçadoramente mesmo quando ele cochila. Às vezes, o gato finge não ter qualquer relação com a própria cauda, à qual ataca esquizofrenicamente. A cauda a contorcer-se e a bater é o barômetro ctônico do mundo apolíneo do gato. É a serpente no jardim, trombando e triturando com maliciosa antecipação. A ambivalente dualidade do gato é dramatizada nas suas erráticas mudanças de humor, saltos abruptos do torpor à mania, com os quais contem nossa presunção. "Não chegue mais perto. Nunca se sabe...". Assim, a veneração dos egípcios pelos gatos não era nem tola nem infantil. Por meio do gato, o Egito definiu e refinou sua complexa estética. O gato era o símbolo daquela fusão de ctônio e apolíneo que nenhuma outra cultura conseguiu. A linha pagã de olho intenso do Ocidente começa no Egito, como acontece com a dura persona da arte e da política. Os gatos são exemplares de ambos. O crocodilo, também cultuado no Egito, assemelha-se ao gato em sua passagem diária entre dois reinos: movendo-se entre água e terra, o rugoso crocodilo é o ego blindado do Ocidente, sinistro, hostil e sempre em guarda. O gato é um viajante do tempo do antigo Egito. Retorna sempre que a feitiçaria ou o estilo estão na moda. No estoicismo decadente de Poe e Baudelaire, ele readquire seu prestígio e magnitude de esfinge. Com seu gosto pelo ritual e o espetáculo sangrento, conspiração e exibicionismo, é pura pompa pagã. Unindo primitivismo noturno a elegância de linha apolínea, tornou-se o paradigma vivo da sensibilidade egípcia. O gato, fixando sua rápida energia predatória em poses de "stasis" apolínea, foi o primeiro a encenar o imobilizado momento de quietude conceitual que é a grande arte".

"Personas Sexuais" - Camille Paglia pg. 70/72

foto: http://www.caleidos.org/index.php/2005/